Ouço o sibilar melódico e
constante do vento
Que sopra através dos majestosos
pinheirosE remeto-me então à tarefa anterior:
Oxigenar os meus pulmões carentes.
Subo mais uma quelha, recupero e miro
O movimento das copas, de verde vestidas,
Sobre os troncos rugosos, castanhos e esguios,
Parecendo proferirem silenciosa prece.
A sua resina, qual sangue coagulado,
Cola-me de imediato os dedos, quase frios
Deste Inverno cinzento de algum rigor.
Escutando, por momentos, tal doce lamento,
Reparo ainda nos tordos aventureiros
Que vêm do leste, em bandos, como emigrantes,
Por necessidade, como connosco acontece,
Depois de um destino, que nem admiro…
O vento trar-me-á algumas esperanças perdidas
E levar-me-á, sem alternativa, para outro lado?
Ficar aqui resulta em parco e estranho alento
Que me acomoda num futuro que me merece
Mais ousadia, na consciência de uma vida melhor,
Que o vento me aconselha para factos evidentes.
Fazer a mala, mais uma vez, sugere despedidas
Para mais descobrimentos, igualmente estrangeiros…
Joantago
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