Porque as Rosas...

Porque as Rosas...
São lindas, mas com espinhos!

quarta-feira, 27 de março de 2013

A Sina das Pedras.


As pedras começaram a chorar
Lágrimas de invernia constante,
Descarga de nuvens saturadas
Que não manifestam trovoada,
Mas despejam volumosas bátegas
De água fria e em abundância.
Preocupam-se os agricultores
Com os calendários trocados:
O que se semeou e plantou;
O que é necessário pôr à terra.
As pedras escorregam húmidas
Reflectindo-se no alto da serra.
O choro silencioso dos seus pecados
Ouço-o no coração palpitante,
De uma saudade que acalentou,
Um ou outro, de dispersos amores
À chuva, ao seu culto, até parar.
As pedras, agora mais agarradas,
Demandam se a chuva é continuada?

 
Joantago

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Deleite.


Os pássaros bebem da neve, na rua,
Depois de poisarem as suas patinhas
Sobre a camada fofa do manto claro
E saltitam sobre ela, divertidos…

 
A noiva da noite despiu-se, está nua
E desaparecida no dia seguinte
Que é hoje, onde acordei as minhas
Esperanças deste momento raro.

 
Os meninos pequenos, de casa saídos,
Dirigem-se à Escola sobre este branco
De neve que é um adocicado requinte

 
E eu procuro o sossego num banco
De jardim, para escutar os ruídos
À minha volta, que parecem gemidos.  

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Vento sopra-me.


Ouço o sibilar melódico e constante do vento
Que sopra através dos majestosos pinheiros
E remeto-me então à tarefa anterior:
Oxigenar os meus pulmões carentes.
Subo mais uma quelha, recupero e miro
O movimento das copas, de verde vestidas,
Sobre os troncos rugosos, castanhos e esguios,
Parecendo proferirem silenciosa prece.
A sua resina, qual sangue coagulado,
Cola-me de imediato os dedos, quase frios
Deste Inverno cinzento de algum rigor.
Escutando, por momentos, tal doce lamento,
Reparo ainda nos tordos aventureiros
Que vêm do leste, em bandos, como emigrantes,
Por necessidade, como connosco acontece,
Depois de um destino, que nem admiro…
O vento trar-me-á algumas esperanças perdidas
E levar-me-á, sem alternativa, para outro lado?
Ficar aqui resulta em parco e estranho alento
Que me acomoda num futuro que me merece
Mais ousadia, na consciência de uma vida melhor,
Que o vento me aconselha para factos evidentes.
Fazer a mala, mais uma vez, sugere despedidas
Para mais descobrimentos, igualmente estrangeiros…
 
Joantago

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Hesito em desejar-me um Feliz 2013.


 
Entrei quase a tremer, no novo ano…
Não de frio, mas de algum receio
Pela incompetência dos políticos,
Pela ganância dos poderosos,
Pela minha esperança desconfiada
Nos discursos dos bem-falantes
Que me remetem ao engano…
São as notícias que nos jornais leio
E as que oiço nos locais públicos,
Entre mensagens de governantes
(Bem-intencionados perigosos),
Que me confundem com “conversa fiada”!
Se os economistas não se entendem,
Se o pessoal inventa a cada momento,
Se os partidos sabem das manobras
Dos familiares e amigos correligionários
E fingem que não os defendem,
Para terem em cada um de nós, um jumento,
A ouvir palavras e não constatar obras,
Porque não tremer ante estes mercenários?!